A Hora e a Vez da Educação Midiática: Letramento Digital e Políticas Públicas no Brasil

Educação midiática

A importância da educação midiática e do letramento digital tornou-se central para o desenvolvimento de cidadãos críticos e informados. A revolução tecnológica, impulsionada pelo avanço da Internet e das redes sociais, tem moldado não apenas o comportamento individual, mas também a dinâmica social, política e econômica. Nesse contexto, a Educação Midiática emerge como uma ferramenta essencial para preparar os jovens para o uso consciente e crítico das mídias, proporcionando-lhes as habilidades críticas e criativas necessárias para navegar em um ambiente digital complexo e em constante transformação.

Este artigo explora como o letramento digital e a educação midiática são estratégias fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas (PPs) brasileiras. Examinemos como as iniciativas atuais estão discutidas em nosso país e por que implementá-las.


Letramento Digital e Educação Midiática: conceitos e importância

O letramento digital refere-se à capacidade de usar as tecnologias digitais de forma eficaz, responsável e ética. É mais do que apenas o domínio técnico de ferramentas; envolve a compreensão crítica das informações e a capacidade de criar, remixar e compartilhar conteúdos. Como Hobbs (2010) destaca, o letramento digital e a educação midiática devem ir além do uso instrumental das tecnologias, promovendo a análise crítica e o engajamento ético.

A Educação Midiática, por sua vez, envolve a capacitação dos indivíduos para entender, analisar, avaliar e criar mensagens em uma variedade de formas de mídia. Este conceito, introduzido por autores como Jenkins (2009), enfatiza a importância de transformar os alunos em criadores ativos de conteúdo, em vez de meros receptores passivos. Bonwell e Eison (1991) complementam essa visão ao sugerir que os educadores da era digital devem redesenhar as experiências de aprendizado, tornando-as mais dinâmicas e interativas, o que é fundamental para engajar os alunos no processo educacional.

Tessa Jolls, presidente do Center for Media Literacy, tem trabalhado extensivamente na criação de currículos e recursos para educação midiática, assim como Renee Hobbs, uma das principais autoridades em alfabetização midiática nos Estados Unidos, autor do livro “Mind Over Media: Propaganda Education for a Digital Age” (2020). De madeira geral, ambos ensinam como educadores devem ensinar os estudantes a identificar e analisar propaganda na era digital.


Políticas Públicas para Educação Midiática no Brasil

O Brasil tem avançado na promoção do letramento digital e da educação midiática, em parte devido à implementação de políticas públicas voltadas para essas áreas, principalmente pós -pandemia. Um exemplo notável que devemos destacar é a Estratégia Brasileira de Educação Midiática, que visa capacitar a população para o uso consciente e crítico das mídias. Esse documento foi desenvolvido a partir de uma ampla consulta pública e está alinhado com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece as diretrizes para a educação no país.

A Estratégia Brasileira de Educação Midiática é uma resposta direta aos desafios impostos pela desinformação, polarização e outros efeitos negativos que a mídia pode ter na sociedade. Ela busca fornecer aos educadores e estudantes as ferramentas necessárias para desenvolver habilidades críticas e midiáticas, essenciais para a formação de cidadãos responsáveis e informados. De acordo com o documento, a educação midiática deve abranger não apenas a construção de habilidades técnicas, mas também a compreensão crítica das dinâmicas complexas entre mídia, tecnologia e sociedade (BRASIL, 2023).


A Implementação nas Escolas Brasileira

A implementação da educação digital nas escolas brasileiras é um processo delicado, político que envolve a integração de conceitos e práticas digitais nos currículos escolares. Embora essa a Educação digital, propriamente dita, assegure que os alunos adquiram habilidades digitais básicas, como o uso de ferramentas tecnológicas, ela não garante por si só que os alunos desenvolvam uma compreensão crítica dos impactos dessas tecnologias em suas vidas. Como aponta Hobbs (2010), é fundamental que a educação midiática promova não apenas o uso das tecnologias, mas também a análise crítica e o engajamento ético com as informações e conteúdos digitais.

Além disso, a Estratégia Brasileira de Educação Midiática sugere que os educadores devem atuar como facilitadores desse processo, redesenhando as experiências de aprendizado para torná-las mais personalizadas e interativas. Essa abordagem está alinhada com a proposta de Bonwell e Eison (1991) de que os educadores da era digital devem se distanciar do papel tradicional de “entregadores de conteúdos” e adotar uma postura mais dinâmica e criativa.

A educação midiática e o letramento digital são componentes essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade crítica, consciente e preparada para os desafios do século XXI. As iniciativas brasileiras nessa área representam um passo importante, mas requerem comprometimento contínuo, avaliação e ajustes para garantir sua eficácia a longo prazo. O sucesso dessas políticas públicas será crucial para formar cidadãos capazes de navegar com segurança e responsabilidade no complexo ambiente digital contemporâneo.

Para educadores e instituições interessadas em implementar programas de educação midiática, este guia da UNICEF/UNESCO representa um excelente ponto de partida, oferecendo uma base sólida e culturalmente relevante para o desenvolvimento de habilidades críticas no ambiente digital.

“Guia de Alfabetização Midiática e Informacional” (AMI), desenvolvido em parceria com a UNESCO visa fornecer ferramentas e conhecimentos para que crianças e adolescentes possam navegar criticamente no ambiente digital, compreendendo e analisando as informações que recebem e produzem.

Principais características:

  1. Linguagem acessível: O material é escrito de forma clara e adequada para educadores, pais e jovens.
  2. Abordagem prática: Oferece exercícios e atividades que podem ser facilmente implementados em sala de aula ou em casa.
  3. Temas abordados: Inclui tópicos como verificação de fontes, identificação de fake news, segurança online, cidadania digital e produção de conteúdo responsável.
  4. Contextualização brasileira: O guia é adaptado à realidade brasileira, considerando o contexto social e cultural do país.
  5. Recursos complementares: Além do guia principal, geralmente há materiais suplementares como infográficos, vídeos e planilhas de atividades.
  6. Foco em direitos: Alinha-se com a missão da UNICEF de promover os direitos das crianças e adolescentes, incluindo o direito à informação e à expressão.
  7. Atualização constante: Dada a natureza dinâmica do ambiente digital, o guia é periodicamente atualizado para refletir as mudanças tecnológicas e sociais.

Desafios e perspectivas para a Educação Midiática no Brasil

Apesar dos avanços, esta implementação no Brasil enfrenta desafios significativos. Um dos principais obstáculos é a formação dos educadores. Muitos professores ainda não estão preparados para lidar com as complexidades da mídia e da tecnologia em sala de aula. A falta de recursos e infraestrutura também limita a capacidade das escolas de implementar programas de educação midiática de forma eficaz.

Outro desafio é a resistência cultural e institucional às mudanças. A educação midiática exige uma reestruturação dos métodos de ensino e uma mudança na mentalidade dos educadores e gestores escolares. Para superar esses desafios, é essencial que as políticas públicas sejam acompanhadas de programas de formação contínua para educadores e de investimentos em infraestrutura tecnológica nas escolas.

Por outro lado, a Estratégia Brasileira de Educação Midiática e outras iniciativas governamentais demonstram um compromisso crescente com a promoção do letramento digital e midiático. Além disso, a crescente conscientização sobre a importância da educação midiática entre educadores, pais e estudantes é um sinal positivo de que o país está no caminho certo para desenvolver uma sociedade mais crítica e informada.


A educação midiática e o letramento digital são essenciais para preparar os jovens para os desafios de um mundo cada vez mais digital e interconectado. No Brasil, a implementação dessas práticas está sendo impulsionada por políticas públicas como a Estratégia Brasileira de Educação Midiática, que visa capacitar a população para o uso consciente e crítico das mídias.

No entanto, para que essas políticas sejam efetivas, é necessário superar desafios como a formação dos educadores e a resistência institucional. Com o apoio adequado, a educação midiática tem o potencial de transformar o ensino no Brasil, promovendo uma educação mais dinâmica, criativa e interativa, capaz de preparar os estudantes para um futuro onde a mídia e a tecnologia desempenham papéis centrais na formação das presentes e futurais gerações.

Alguns pontos importantes sobre a implementação da educação midiática no Brasil incluem, segundo o documento:

  1. Integração na educação básica: A estratégia prevê a inclusão da educação midiática de forma transversal no currículo escolar, alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Isso visa desenvolver habilidades críticas desde cedo.
  2. Formação de educadores: Há um foco na qualificação continuada de professores e outros profissionais da educação para abordar temas de educação midiática.
  3. Parcerias multissetoriais: O plano envolve parcerias com sociedade civil, academia e iniciativa privada para ampliar o alcance das ações.
  4. Campanhas educativas: Estão previstas campanhas de conscientização voltadas a diferentes públicos.
  5. Atenção a grupos vulneráveis: Há um olhar especial para populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica e informacional.
  6. Uso consciente de tecnologias: A estratégia aborda o uso saudável e seguro de dispositivos digitais, especialmente por crianças e adolescentes.
  7. Participação social: Há mecanismos previstos para engajamento da sociedade na formulação e implementação das políticas.

A implementação dessas iniciativas é fundamental por diversas razões:

  1. Combate à desinformação: Em um cenário de proliferação de fake news, a educação midiática fornece ferramentas para identificar informações confiáveis.
  2. Cidadania digital: Prepara os indivíduos para exercer seus direitos e deveres no ambiente online.
  3. Inclusão digital: Busca reduzir desigualdades no acesso e uso das tecnologias da informação.
  4. Proteção online: Conscientiza sobre riscos como cyberbullying, exposição excessiva e dependência digital.
  5. Pensamento crítico: Estimula a análise crítica dos conteúdos midiáticos e suas implicações sociais e políticas.
  6. Produção consciente: Incentiva a criação responsável de conteúdo digital.
  7. Saúde mental: Aborda os impactos do uso excessivo de telas no bem-estar psicológico.
  8. Democracia: Fortalece o debate público informado, essencial para processos democráticos.
  9. Desenvolvimento econômico: Prepara a população para as demandas da economia digital.
  10. Adaptação às mudanças tecnológicas: Fornece bases para lidar com as constantes inovações, como a inteligência artificial.

A implementação efetiva dessas políticas enfrenta desafios, como a necessidade de investimentos em infraestrutura, formação continuada de educadores e adaptação a diferentes contextos socioeconômicos. Além disso, a rápida evolução tecnológica exige constante atualização das estratégia

*artigo produzido pela pesquisadora MSc. Ivini Ferraz com ajuda de IA claude.ai.

Referências

  • Bonwell, C. C., & Eison, J. A. (1991). Active Learning: Creating Excitement in the Classroom. ASHE-ERIC Higher Education Report No. 1. Washington, D.C.
  • Brasil (2023). Estratégia Brasileira de Educação Midiática. Disponível em:
  • https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/10/estrategia-brasileira-de-educacao-midiatica-apresenta-as-politicas-publicas-voltadas-para-a-populacao, 2024.
  • Hobbs, R. (2010). Digital and Media Literacy: A Plan of Action. The Aspen Institute.
  • Jenkins, H. (2009). Convergence Culture: Where Old and New Media Collide. New York University Press.
  • JOLLS, T.; JOHNSEN, M. Media Literacy: A Foundational Skill for Democracy in the 21st Century. Hastings Law Journal, v. 69, n. 5, p. 1379-1408, 2018.
  • UNESCO. Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de professores. Brasília: UNESCO, UFTM, 2013.

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